O Brasil necessita de ações concretas no sentido de avançar para além da concepção de neutralidade e do determinismo tecnológico em termo de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), em direção a uma biopolítica emancipatória. Observa-se concretamente que muitos debates que presenciamos a respeito de tais questões não ultrapassam uma visão engessada à manutenção dostatus quo, pois não chegam a um questionamento das racionalidades matriciais geradoras das situações extremas vivenciadas pela humanidade na contemporaneidade, gerando, no universo das instituições educacionais, a formação de verdadeiros analfabetos científicos. Acreditamos que ações podem ser desenvolvidas em articulação com perspectivas que levem em consideração alguns marcos teóricos. Primeiramente, há que se levar em conta que a leitura da palavra e a leitura do mundo devem ser consideradas numa perspectiva dialética. A relação CTS deve admitir que um dos pressupostos de inclusão começa com a alfabetização científica, que consiste no ?aprender a dizer a palavra?, ou seja dar voz e vez aos oprimidos na perspectiva emancipatória. Concebe-se que, para uma leitura crítica da realidade, torna-se fundamental uma compreensão sobre as interações CTS, considerando que a dinâmica social na contemporaneidade encontra-se intimamente relacionada ao desenvolvimento científico-tecnológico. Portanto, a leitura crítica do mundo contemporâneo passa por ações voltadas à superação da lógica vigente, mantenedora do status quo,para um tipo de abordagem inovadora, que aposta na ideia de tecnologia e inovação social.Considera-se fundamental a utilização da categoria ?problematização? a construções históricas pouco consistentes em termos científico-tecnológicos. Trata-se da superação do modelo de decisões tecnocráticas que por sua vez busca a eliminação do sujeito do processo científico-tecnológico; superação da perspectiva salvacionista e redentora atribuída à ciência e tecnologia, bastante difundida no sentido de que CT resolverão todas as demandas, conduzindo à humanidade ao bem-estar social, ignorando por sua vez as relações sociais em que CT são concebidas e utilizadas; superação do determinismo tecnológico que advoga a concepção de que a mudança tecnológica é causa da mudança social e que a tecnologia é autônoma e independente das influências sociais.
1. Doutor em Teologia: Religião e Educação pela Escola Superior de Teologia (EST/São Leopoldo-RS), é professor e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC). E-mail: geraldorosa06@gmail.com.